Qual a relação do COVID-19 as mudanças climáticas e o planeta? O planeta tem a ver com a pandemia do COVID-19? A poluição do ar pode aumentar o risco de quem for infectado pelo COVID-19? O que a humanidade e o Brasil podem aprender e fazer nesta pandemia? Em mais uma edição do Boletim do Podcast Medicina em Debate, Mayara Floss conversou com três convidadas especiais: Sandra Hacon, Nelzair Vianna e Enrique Barros.
Convidados:
Nelzair Vianna – Pesquisadora em Saúde Pública Fundação Oswaldo Cruz /BA. Possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal da Bahia, Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Líder Climática formada pelo Al Gore no The Climate Reality Leader e Co-Fundadora do Fórum de Energia e Clima. Coordenadora da Câmara temática de saúde no Painel Salvador de Mudança do Clima.
Sandra Hacon – Pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, integrante dos programas de pós-graduação de mestrado de doutorado em Ciências Ambientais da Universidade estadual de Mato Grosso e da Escola Nacional de Saúde Pùblica da Fiocruz. Graduação em Ciências Biológicas, mestrado em Controle da Poluição Ambiental – Manchester University, e doutorado em Geociências pela Universidade Federal Fluminense (1996). Atua na área de Avaliação de Risco à Saúde Humana, Ecotoxicologia, Gestão Integrada de Saúde e Ambiente e Avaliação de Impactos à Saúde das Mudanças Climáticas e de Grandes Empreendimentos. Representante do Brasil no GT do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente referente ao Programa de Monitoramento da Implementação da Convenção de Stockholm. Integrante da parceria Fiocruz- Opas/OMS do Centro Colaborador em Saúde Pública e Ambiental da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS).
Enrique Barros – Médico de Família e Comunidade na Clínica da Família Teewald (ESF/SUS), numa comunidade rural em Santa Maria do Herval. Professor da Universidade de Caxias do Sul, na área de Atenção Primária à Saúde (APS). Presidente da Working Party on the Environment da World Organization of Family Doctors (WONCA). Mestre no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Co-autor do relatório brasileiro do Lancet Countdown 2018.
Vinhetas: Rubens Cavalcanti
Edição: Mayara Floss
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Bom dia. Após ouvir o Boletim #11 – “COVID-19 e o planeta?” quero inicialmente parabenizar os participantes e compartilhar um questionamento ou reflexão.
Partindo do princípio que o vírus, após spillover em Wurhan, espalhou-se pelo mundo;
Que hoje, o Brasil é o 2º país em número de infectados (ou de diagnosticados pois interroga-se números baixos em certos países, o que é outra discussão, e não a que suscito aqui) tendo São Paulo como epicentro;
Que o Brasil apresenta elevada comunidade chinesa, especialmente em São Paulo e com isso elevada movimentação populacional entre os dois países;
Que até pouco antes da pandemia, certamente tinha-se brasileiros embarcando para China e chineses embarcando para o Brasil diariamente, até por questões de visitas familiares;
Pergunto-me: este fato (relação migratória Brasil-China) poderia justificar (em parte) a altíssima incidência de COVID-19 no Brasil?
Olá Eduardo, tudo bem?
Ótima colocação. Diante da dimensão extra muros e continental de nosso país, assimilo que o fator destacado – relação migratória entre Brasil-China) pode ser um fator contributivo para a proliferação elevada do SARS-CoV-2 em determinadas regiões de saúde onde haja esta característica populacional migrante, bem como as regiões de alto fluxo comercial e de vôos internacionais.
Reiterando a complexidade decorrente do tamanho de nossa nação, bem como as distintas sazionalidades circulatórias (fluxos de viagem) que diferem entre regiões. Destacaria também a Educação sanitária que pode ser mais desenvolvida em dados locais e mais precária em outras localidades e, portanto, a resistência ou aceitação populacional da importância do distanciamento social, bem como o uso de máscaras, higienização das mãos e objetos de utilização frequente, também são contribuintes para uma maior ou menor dispersão do vírus causador da COVID-19.
Ademais, também somos cientes da influência política governamental existente para algumas parcelas populacionais, isto é, de acordo com as orientações de lideranças nacionais, regionais ou locais, os cidadãos podem adotar condutas discrepantes, pois também envolve a consciência individual-coletiva e a filosofia de vida aplicada.
Desta forma, diria-lhe que a alta incidência não teria uma relação única com a relação migratória Brasil-China, tendo em vista que há um amplo contingente de locais em que não há comunidade proveniente do país asiático ou de outras nações, mas que está com contingentes importantes de infectados e com grave estado do Sistema de Saúde.
Espero ter contribuído no diálogo e me mantenho à disposição.
No mais, parabenizo ao tema elencado e discutido neste episódio do Medicina em Debate, conduzido por Mayara Floss.
Cordialmente,
Matheus Cardozo.